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Mara Aranda, a voz antiga do Mediterrâneo

 

Mara Aranda é natural de Valência e, durante três décadas, tem investigado e interpretado as músicas do Mediterrâneo (sul de Espanha, Turquia, Grécia, Marrocos…) e a música antiga, sobretudo a medieval e a sefardita. Alcançou, assim, uma projeção internacional invejável, tornando-se numa das três extraordinárias vozes femininas do Al Andaluz Project. Em nome próprio, deixou vários discos, quase todos merecedores de prémios e de reconhecimento por parte do público e dos meios de comunicação especializados.

Da sua discografia, destaca-se Dèria (Galileo-mc), a produção de world music espanhola mais destacada de 2009, tendo sido considerado “o melhor disco de músicas do Mundo do ano”, pela UFi nos Prémios da Música Independente, por votação popular; também o melhor disco pelo programa “Hidrògen”, para a Icat FM; TOP 10 na lista anual da World Music Charts Europe durante 4 meses consecutivos e o único grupo espanhol nos 10 primeiros lugares do resumo anual da lista, além de melhor disco de folk nos prémios Ovidi Monllor de 2009 e, ainda, nomeado, para os prémios de “melhor letra” e “melhores arranjos”.

Com Lo testament” (Bureo Músiques, 2013) Mara Aranda continuaria a linha de trabalho clara e contundente que se iniciara com ‘Dèria’, arrecadando o prémio Ovidi Monllor de “Melhor disco folk do ano”, poucas horas depois do seu lançamento.

Em 2015, Mara celebra os seus 25 anos de carreira com o disco Mare Vostrum, dedicado ao espaço cultural do Mediterrâneo, fonte de inspiração em toda a sua produção literária e musical, sendo galardoado como “Melhor disco folk do ano”.

Como investigadora e intérprete de música sefardita, Mara Aranda tem realizado viagens de residência para a investigação e estudo da dita tradição em Salónica (2003-2004) e Istambul (2006-2007), sendo resultado deste exercício a edição de “Músiques i cants dels jueus sefardis” (Galileo-mc, 2005) e “Sephardic Legacy” (Bureo Músiques, 2011). Em 2014, edita “Música encerrada”, acompanhada pela Capella de Ministrers, de Carles Magraner.

Em 2017 tem lugar o início do lançamento da sua obra mais completa, uma coleção composta por cinco discos dedicados às principais geografias da diáspora. O primeiro volume, intitula-se Sefarad en el corazón de Marruecos, considerado o “melhor disco europeu do ano” e o 9º do ranking mundial, pela Transglobal World Music List. O segundo volume, Sefarad en el corazón de Turquía, de 2019, recebeu, também, o galardão de “melhor disco europeu do ano”, ficando na 5ª posição de toda a produção mundial desse ano. Seguir-se-ão, sucessivamente, os dedicados à Grécia, Bulgária e antiga Jugoslávia.

Em 2020, Mara Aranda celebra os seus 30 anos de carreira profissional com o fabuloso disco Trobairitz”. Acompanhada pelo talento de quatro instrumentistas femininas, interpreta textos originais dos séculos XII e XIII de trovadoras medievais, as conhecidas trobairitz, bem como outros de que se não conhece o autor, não se descartando, naturalmente, a autoria de mulheres, com parte ativa na vida cultural e literária do sul da França, onde o occitano era a língua veicular da poesia.


 

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